História

Poceirão - Encontro com o Mundo Rural

Em meados do século XVII – XVIII, este território caracterizava-se por uma zona de coutada, onde teoricamente não era possível a ocupação humana, com solos pobres, povoados de mato e pinhais que forneciam lenha á capital.

Mais tarde, em meados do século XIX, com o aforamento das terras, procede-se ao cultivo de extensas áreas de sobro e vinha. O regime de aforamento passou posteriormente a ser substituído por explorações agrícolas familiares. Apesar deste território, ser essencialmente, uma terra de passagem, não deixa porém de atrair residentes, e a partir de 1861 fortifica o número de residentes, começam então a emergir várias povoações, algumas em rápido crescimento. Porém, a instalação do caminho-de-ferro origina um franco desenvolvimento a esta região e dá origem ao aglomerado - Poceirão.

A localidade de Poceirão é relativamente jovem, mas foi antecedido por um outro aglomerado, hoje já desaparecido, transformado em vinha: Poceirão Velho.

Com 150 quilómetros quadrados de extensão, Poceirão tem na agricultura a sua principal atividade, com centenas de explorações agrícolas e pecuárias, abundância de produtos hortofrutícolas de grande qualidade e, como não podia deixar de ser, muitas adegas e vinhas até onde a vista alcança.

Os vinhos desta zona são, já, reconhecidos além-fronteiras, e merecem um olhar mais profundo. Poderá visitar a Adega Filipe Palhoça, inserida na Rota de Vinhos da Península de Setúbal, prove os néctares, descubra o processo de produção do vinho e demore o seu olhar num conjunto de peças, objetos e artefactos intimamente ligados ao mundo do vinho e ao trabalho na terra.

A acompanhar um tinto encorpado da freguesia, deguste um bom queijo, produzido numa das queijarias da freguesia.

Além da profunda ligação ao mundo rural, Poceirão tem também, como referência na sua história, a estação de caminho-de-ferro. Junto à estação, poderá ver um conjunto de armazéns que relembram cenários de arquitetura industrial.

No espaço central desta agradável localidade, consulte o programa de atividades do Centro Cultural de Poceirão, que alberga um conjunto de associações culturais, e a Igreja de Nossa Senhora das Graças, datada dos anos 50/60 do século passado.

Caso nos visite no início do mês de julho, não perca a Feira Comercial e Agrícola, uma mostra de atividades agrícolas, espetáculos, animação, desporto, e muito mais, sempre na companhia dos vinhos e da boa gastronomia local.

Marateca - Onde a Terra e o Sado se encontram

Segundo a lenda popular o nome MARATECA remonta ao seculo XII, época da colonização romana, que conta que um cavaleiro português se apaixonou por uma bela mourisca. Este cavaleiro residia no local onde hoje em dia é a Marateca. Para ficar com a sua amada, raptou-a e entregou-a aos seus de sua confiança, para que estes a entregassem, sem que fosse encontrada, a sua família. A bela muçulmana fez a viagem por mar e depois pelo Rio Sado, até chegar ao destino. Como não dominava a língua portuguesa, quando lhe perguntavam como tinha ali chegado, ela respondia “Mar até cá”.

No local da Marateca encontram-se as ruinas da Igreja, que testemunham a existência de uma antiga comunidade habitacional humana, o cemitério anexo á igreja e a ponte de ferro sobre o rio que tem o mesmo nome da povoação, formando um troço de estrada em direção ao Alentejo e Algarve.

Marateca é caracterizada por áreas de paisagem marcadamente alentejana, cujos principais traços são a existência de grandes propriedades rurais (herdades) e vastas extensões de montado de sobro – essencialmente usado para a criação de gado bovino, exploração de cortiça, apicultura e caça. Não deixe de visitar o Sobreiro do Chaparral do Mendonça, classificado como árvore de interesse público.

No centro da vila visite o Núcleo Museológico da Malária, onde encontrará o espólio laboratorial e entomológico do antigo Instituto de Malariologia (para visitas guiadas, gratuitas em grupo, e a Igreja de Águas de Moura, com traça dos anos 50 e cujo edifício se destaca, na povoação, pela sua volumetria e pela torre coroada pelo tradicional ninho de cegonha.

Também nesta localidade não deixe de visitar o tanque público, datado de 1899, que constitui um bem preservado local de convívio e trabalho feminino ao longo de décadas, e uma marca das relações de sociabilidade locais.

Visite, também, a Adega da Casa Ermelinda Freitas. Marque a sua visita, percorra o processo de produção do vinho e aproveite para provar os vinhos premiados. Para o reconhecimento dos vinhos muito tem contribuído a Mostra de Vinhos de Marateca e Poceirão, na localidade de Fernando Pó, que se realiza anualmente no mês de Junho.

O sector agroflorestal, bem como o pecuário, detém uma forte expressão nesta zona, conservando ainda uma importância notória para a economia local, da qual se destaca a maça riscadinha. Comprove a sua qualidade e visite a Nobre Terra, na Quinta do Pinheiro, onde poderá provar e adquirir o licor de Maça Riscadinha e outros produtos regionais que aqui são produzidos.

Visite a Reserva Natural do Estuário do Sado, na parte que confina com o concelho de Palmela, e fique impressionado com a paisagem que vai encontrar: a frente ribeirinha do concelho de Palmela para o Estuário do Sado, desconhecida para muitos, vai desde a foz da ribeira da Marateca até à foz da ribeira de Vale de Cão, conhecida como Ribeira de Sachola, no extremo sul do concelho. Os seus olhos vão ficar admirados com as áreas de sapal, salinas, pisciculturas, arrozais e a extensa zona florestal do Zambujal. Para terminar, e se ainda tiver forças, suba ao Outeiro Alto, o ponto mais alto do concelho de Palmela incluído na Reserva Natural do Estuário do Sado, e veja as cores do pôr-do-sol projetadas em toda esta área protegida.

Para terminar este passeio observe a Herdade do Zambujal e a antiga ponte ferroviária.